segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Balões no céu e comida na terra


Quando cheguei na Capadoccia, Turquia,  fiquei impressionada com a paisagem, claro, que é muito impressionante mesmo...Mas, uma coisa me chamou muito a atenção. Não vi nem um “corguinho”, como diria Guimarães Rosa. Um deserto. Nenhuma aguinha visível .
Mas, a comida era muito fresca. E na primeira saída do hotel, logo na rua, lá estavam elas: macieiras carregadas, parreiras espalhadas pelo chão com as mesmas uvas superdoces servidas no café da manhã, frutinhas vermelhas deliciosas, melões, repolhos imensos, tomates. Em todos os lugares. Vindas de um solo que parecia areia, seco e branco. Achei estranho e maravilhoso. Comi  maçãs pelo caminho, vários cachos de uva e frutas vermelhas.
Fiz bons amigos por lá. Que depois, me explicaram o mistério do frescor dos alimentos: a estranha formação geológica da região é resultado da longa erupção de três vulcões. Toda a lava que resultou disso é que é a Capadoccia atual. O que se vê como a parte mais alta daquelas formações malucas é a lava que esfriou e solidificou primeiro. A parte de baixo foi esfriando aos poucos e com a ação do vento e das chuvas ficou mais moldável. E o solo resultante das erupções vulcânicas é muito rico em nutrientes. E ali, nem precisa plantar, tudo dá...basta um pombo (que ele adoram), carregar as sementes prá cá e prá lá. E a água é muita, porém, toda subterrânea. E o mistério do frescor dos alimentos se revelou.

Mas, o que acontece diariamente ao amanhecer, na mesma Gôreme, quando mais de oitenta balões povoam o céu e o sol colore os vales, esse mistério continua oculto. Todo mundo volta a ser criança!  Ávidas de frutas quando colocam os pés no chão depois do vôo. E o mais incrível é que elas estão lá, disponíveis e doces. Sem falar na incrível culinária local: simples e deliciosa!