sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Gonçalves, sul de Minas Gerais

Vixe! Não sei nem por onde começar. Tenho tanta coisa boa prá contar...

Fazia tempos que eu combinava de ir fazer macarrão com minha amiga Tanea lá em Gonçalves, Minas Gerais. Por um motivo ou outro nunca dava certo, mas esta semana resolvi fazer dar, e fui. Feliz da vida por sair um pouquinho do ar sujo e seco de São Paulo.

A Bia (amiga querida), passou prá me pegar e as cores foram mudando ao longo da viagem. Estava tudo florido e paramos no caminho para comer um pão de queijo frio...A decepção foi total. Mas a fome era grande e encaramos. A surpresa veio na primeira mordida; frio, porém maravilhoso. Puro queijo! Só em Minas é que se encontra um pão de queijo de beira de estrada frio e bom...Não fiz a foto do coitadinho frio, em compensação o jasmim no quintal parecia um ser vestido para festa. E o aroma...

Cheguei com fome no restaurante Kitanda Brasil da minha amiga Tanea Romão. Lá, ela desenvolve um trabalho lindo com a culinária típica do sudeste em suas releituras hipercriativas. Já imaginou compota de jiló com queijo mascarpone (ela usa Balkis, claro) ? A Tanea já. Se é bom? De comer rezando, como dizem os mineiros...


Amigos de muito tempo é assim: mãos a obra para produzir o capeletti. Ficou incrível. Recheio generoso com queijo Minas Padrão Balkis ralado no ralo grosso e bem homogêneo. Olha como ficaram gordinhos e lindos! Apesar da fome, fomos mesmo foi olhar a horta da Zezé antes que a luz do sol fosse embora. Que presente! Fico feliz de poder contar para vocês que, em uma cidadezinha no sul de Minas, existe uma situação utópica que é real: a cidade toda só come produtos orgânicos. Ninguém usa agrotóxicos. Acredite se quiser!


Sabe o que é pitaia? É uma fruta linda mas que não tem muito sabor...Pois a Zezé planta até pitaia! Perguntei, e ela me contou que por algum milagre do solo, as pitaias dela são bem saborosas. Se quiser saber mais dê uma olhada : pt.wikipedia.org/wiki/Pitaia


Só beleza: a almeirão roxo que eu não conhecia, a tal da couve com a moldura branca e as maravilhosas capuchinhas. Da branca e laranja que eu nunca tinha visto! Ela me disse que é uma mistura natural que se dá espontaneamente.

Pena que a foto que fiz com a Zezé ficou impublicável, totalmente sem foco! Queria que vocês pudessem ver e, talvez sentir, a delicadeza e disponibilidade com que ela nos recebeu...

Por fim, um por do sol deslumbrante e a fome que bateu forte. A Tanea fez um molho de tomates e um pão maravilhoso e nós nos deliciamos com o capeletti, uma garrafa de vinho que a Bia providenciou e um céu repleto de estrelas. Fomos dormir felizes da vida!


No dia seguinte fomos conhecer o Tiana e sua horta. Nem trator ele gosta de usar, prefere a tração animal para não trazer o diesel para suas raízes, flores, frutos e folhas. Dono de um conhecimento adorável foi me contando que o importante é a terra. E mantê-la viva é seu compromisso maior. Para não estressar a terra adotou o princípio de fazer rodízio dos produtos a serem cultivados, pois segundo ele, a terra também sofre de tédio. É preciso renovar sempre e os nutrientes vão estar disponíveis sem stress.

Já viram um galinheiro móvel? Ele aproveita o ciscar das galinhas para remexer e adubar a terra e, depois disso, uma parte do trabalho já está feito..."A pessoa precisa entender o que está fazendo". Me disse isso muitas vezes e compreendi que este é seu lema. Que funciona. Olha as mudas e o canteiro do Tiana.


E a flor de abóbora? Vou rechear com pasta cotagge Balkis e empanar. Depois posto aqui. E a abobrinha? Juro que eu não sabia que primeiro vem a semente , protegendo a área para que depois a flor e o fruto possam vir.

O Tiana me contou que todas as quartas feiras se encontram em um bar, na cidade, onde ele cozinha para a turma que lá aparecer. É conhecido como o "Bar dos Homens", mas mulher também vai. Diz a Tanea que o Tiana é um grande cozinheiro capaz de proezas no fogão tão legais quanto suas hortaliças...É o responsável por uma tal "quirerada", servida em praça pública em um determinado domingo no mês. Vou ter voltar lá para ver acontecer...

O resultado é que o tempo voou, e na hora que a gente se deu conta só dava para voltar direto, sem direito a paradas, como era o nosso plano inicial. Queríamos parar no caminho para ver o trabalho do seu Miguel com folhas de bananeiras, na fábrica da Balkis para conhecer, enfim, planos...

A Tanea reclamou que foi pouco (mas ela sempre reclama)...E na última hora ainda me deu a farinha do seu Bené de presente. Um presente que eu queria muito! Mas essa é outra história, que depois eu conto.

Viemos embora, eu e a Bia, conversando sobre a vastidão cultural que está associada a culinária e de como precisamos que ela sobreviva para que a gastronomia seja possível! Como as tradições orais se mantem vivas em volta do fogão, de geração à geração em uma criação ininterrupta e maravilhosa. E o tempo sempre vai ser curto para abarcar esta imensidão. Resultado: oba, vou ter que voltar!

Promessa é dívida

Fui atrás de saber o que era caxi.
Obviamente, encontrei logo a resposta no blog da Neide Rigo que, aliás, é um dos que recomendo aqui. Tudo o que for de comer e você não conhecer, pergunte prá ela. Ela é danada!
Segundo vi lá no blog da Neide, caxi é um legume difícil de se encontrar aqui. Pois eu tive a sorte de comprar na feira da minha rua. Ele tem bastante massa com um tom verde bem clarinho e sabor muito suave. Uma delícia. O mais próximo em termos de textura seria a abóbora cabochan.

Cortei ele ao meio e vi que tinha bicho...Pena, só tinha um, e perdi um pedaço. Retirei as sementes que parecem com as do pepino ou da abobrinha, só que maiores. Laminei e cozinhei no vapor com tomilho. Fiz uma conserva com pimentão vermelho sem pele e bastante erva.

Tinha um pouco de ricota Balkis que amassei com azeite extra virgem, sal, salsinha, limão, pimenta dedo de moça e uns pedacinhos de nozes.Depois, coloquei um pouquinho de molho de tomate por baixo, as lâminas do caxi frito em azeite, o pimentão, a ricota Balkis e o caxi de novo. Ficou ótimo, adorei.

A Neide fez com camarão e pensei que também deve dar um purê delicado: que fica prá próxima vez que eu encontrar caxi. Agora eu já sei o que é e que é bom!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Vida louca!

Hoje pela manhã fui correndo à feira na rua aqui de casa e olha o que encontrei: chama-se caxí e o interessante é que o feirante vende o produto junto com a receita porque ninguém conhece. Você já tinha visto?
Junto com o caxi, que claro, imediatamente coloquei na minha sacola para experimentar – depois eu conto como ficou –, comprei alcachofras lindas. Agora elas começam a aparecer e setembro (amanhã), é o auge da temporada. Adoro ingredientes em seus tempos: são cheios de vitalidade e, no caso da alcachofra, lindas.
Muita gente conhece as alcachofras apenas no vidro ou na lata, o fundo ou o coração, e não sabe que se trata de uma inflorescência que, quando floresce apresenta uma flor em tom púrpura que é um escândalo de beleza. Como agora ela começa a aparecer, mais duas ou três semanas e eu compro na feira de flores do Ceasa de São Paulo uma flor de alcachofra e posto aqui para quem não conhece.
A provável origem da alcachofra é mediterrânea e durante muito tempo era considerada uma hortaliça rara, mas hoje em dia, para a nossa sorte, é muito cultivada e difundida. Apesar disso, vejo que nem sempre ela é conhecida e acho uma pena, pois se presta a preparações incríveis com seu sabor suave.
Olha aí a alcachofra com quínua e queijo Balkis que fiz hoje no almoço e me lambuzei. A foto não ficou lá essas coisas (o Sérgio me disse que foto de celular de perto não presta, mas é tão prática). Na minha próxima alcachofra com esta receita fotografo com mais pixels. E troco a foto!

Tenho um jeito lúdico de comer alcachofras: preciso de um prato limpo e redondo e cada pétala que desfolho vou refazendo da beirada para dentro uma linda mandala. Por isso não gosto muito de pressa quando se trata delas! Esta receita já coloquei lá no site da Balkis http://www.balkis.com.br/. E você, tem uma receita de alcachofras?