segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Queijo coalho e algodão doce



 Minha infância foi boa. Tive a oportunidade de correr atrás do carrinho do algodão doce e escolher entre todas as cores de nuvens, minha  predileta:  era a branca mesmo.
A sensação de comer algo que não existia, de fato, sempre me instigou. Era açúcar, sem dúvida, mas desaparecia no contato com a saliva como em um passe de mágica. Os dedos grudavam nos fios de cabelo que por ventura ventassem em direção à boca na tentativa de desfrutar, também, daquele momento incrível.  Minha infância foi lotada desses pequenos prazeres onde todo o universo se concentra em um único ato: comer algodão doce, por exemplo.
Quando, estudando na escola descobri  tudo do que o é possível realizar a partir de açúcar e temperatura, o encantamento foi racional, mas estava ali. Lembrei que o Ferran Adriá envolvia um peixe em flores e algodão doce e tive a certeza de que ele também teve uma infância boa.
E, por puro acaso, outro dia comi queijo coalho com algodão doce feito a partir de açúcar e aceto balsâmico (que, também tem muito açúcar mascavo!). E, de novo, um espanto infantil se instalou no meu paladar. Era ótimo! Não poderia supor que em volta da nuvem caramelo tinha um pedacinho de queijo coalho. Felizmente vivemos na época da internet e aí está o vídeo que explica o processo de fabricação caseira de algodão doce. A sujeira é garantida, mas a diversão também.  Vou esperar minha pequena Marina crescer mais um pouquinho e, sem dúvida, a brincadeira vai acontecer entre duas colheres de pau, um livro e um garfo, ou um fouet velho. Se você experimentar primeiro, me conta. E não esquece de forrar o chão e a bancada também. O grude é grande.