Domingo foi o aniversário da minha filhota mais velha. Aquela que deu início a tudo. Toda a minha vida atual começou com o pontapé inicial da notícia de que estava grávida dela. Os primeiros filhos carregam a difícil missão de educar os pais para a vida adulta. Eu era uma moleca cheia de idéias e um montão de ignorâncias acerca do significado de ter um bebê. Tinha encontrado o amor da minha vida e achava que seria fácil, porque, para ser feliz, era de tudo o que se precisava. Não estava de todo errada, mas muitas nuances existem entre uma coisa e outra. O potencial de amor e a realização dele são coisas diferentes, hoje eu sei.
Diante da surpresa, fiquei feliz e esperançosa. Um ser humano para amar para o resto dos tempos, naquele momento em forma de bebê. Fiquei radiante e um pouco atrapalhada. Prá falar bem a verdade não lembro de ter ficado preocupada, ter cogitado que era responsabilidade demais, ter tido medo ou qualquer outra dessas coisas comuns de se sentir nesse momento. Confiei firmemente que era capaz, e segui feliz. E tem sido assim desde então. Como primeira filha ela teve a generosidade e grandeza de me aturar como mãe de primeira viagem, destituída de sabedoria e habilidade para muitos assuntos da vida de uma primeira filha e uma primeira mãe.
No almoço para a comemoração de seu aniversário ela me colocou o desafio de cozinhar para a família sem me estender longamente pelo domingo adentro. Aceitei e fiquei feliz comigo. Antes do último convidado chegar já estava com tudo pronto, sentada com ela, batendo taça e comemorando sua linda vida. E o melhor de tudo, foi o bolo. Ela é a minha filha mais crítica e também aquela que eu consulto para saber, realmente, se uma nova preparação ficou boa. Ela não me dá mole, não! Tem paladar apurado e, embora nem sempre a gente concorde, suas críticas nunca são vazias.
Minha mãe sempre foi boleira e quando eu tinha as crianças pequenas me passou errado, sem querer, a receita de um bolo. Eu e minha mãe dividimos uma ajudante que nos ajudou, a ambas, com filhos pequenos. Ela dizia não ser possível eu não conseguir fazer um bolo de chocolate específico, porque fazíamos a mesma receita, no mesmo forno, com os mesmos ingredientes e o meu virava um biscoito chapado e o dela, um bolo de verdade. Meus pequenos aprenderam logo que a mãe deles não prestava para bolos. Traumatizei e assumi prá mim mesma que eu dava para muitas empreitadas culinárias, mas bolo não era a minha praia. Até ganhar de uma tia querida uma receita despretensiosa com um incentivo do tipo: "tenta! até eu que não sei cozinhar faço!". Tentei. E pronto! Um bolo cheiroso, bonito e gostoso foi o suficiente para me colocar corajosa novamente em relação a todos os bolos do mundo. A partir dali, incorporei que sabia fazer bolos e segui em frente.
E, ao pensar qual bolo eu iria fazer desta vez, não é que acabei naquele velho e bom bolo de chocolate impossível nos meus primórdios como mãe? Inventei o chantilly vermelho e a calda de frutas, mas a base era igual a de sempre.
E hoje, 30 anos depois, acho que aprendi que vou seguir aprendendo tudo, inclusive a fazer bolos de chocolate e a ser mãe dos meus filhos. E que aprender sempre é das melhores coisas da vida. O bolo de aniversário ficou bom, mas sem dúvida dá para ficar ainda melhor. Assim como a mãe que sou é passível de melhorias. Mas, eu diria que nos dois quesitos a coisa evoluiu bastante…e como é bom dividir vitórias, segue a receita do bolo. Ser mãe não tem receita, mas passa por saber fazer bolo para a criançada quando crianças, e para os filhos crescidos, quando todo mundo chegar lá.
Bolo de chocolate com frutas e chantilly vermelho Balkis
Ingredientes
Para o bolo
220 gramas de farinha de trigo
110 gramas de manteiga
110 gramas de açúcar
2 ovos
2 xícaras de leite
1 colher de sopa cheia de fermento químico
Para a calda e cobertura
450 gramas de framboesa
450 gramas de amoras
180 gramas de açúcar
300 gramas de creme de leite Balkis
30 ml de vinho do porto
Modo de Preparo
Coloque as frutas vermelhas e o açúcar em uma panela e leve ao fogo baixo até formar uma calda espessa. Resfrie.
Bata a manteiga sozinha e adicione os ingredientes secos peneirados. Depois coloque o leite e os ovos inteiros.
Unte e enfarinhe a assadeira e pré- aqueça o forno a 180 graus. Misture o fermento, despeje na assadeira e asse.
Coloque o bowl e o fouet da batedeira no congelador por 20 minutos. Nos últimos 10 minutos coloque, também, o creme de leite Balkis.
Bata na velocidade rápida o creme de leite puro até que ele firme. Este chantilly, sem açúcar se chama creme fouetté. Volte na geladeira.
Coe as frutas vermelhas e separe a calda. Coloque três colheres de sopa do líquido da calda no chantilly e misture delicadamente.
Coloque em um copo, dois dedos de vinho do porto e um dedo de água. Reserve.
Quando frio, desenforme o bolo. Corte-o na metade, fure com o garfo e molhe com vinho do porto, cubra com uma camada de creme fouetté vermelho e algumas poucas frutas vermelhas. Cubra com a outra metade, repita o processo de furar e molhar o bolo. Cubra com o restante do creme fouetté vermelho e reserve as frutas para cobrir apenas na hora de servir.
4 comentários:
Que delícia de post, do começo (com essa foto linda do bolo) do meio (com a declaração de amor pra Milena) e do fim (com a receita do bolo)!
Superando sempre né Ma?! Até nas entre linhas e entre iphotos! rsrs
beijinhos!
que coisa linda. vou guardar a receita (de mãe e de bolo). escandaloso esse bolo, bolo-me-faça-já!
É isso, Nana, guarde a receita, pois o bolo já o comemos todo (hahaha, que é como se dizia rsrs no "meu tempo").
Tatá,
Vc é minha anja da guarda...me esforço!
Postar um comentário