sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Yerevan, o berço do mundo e seus doces



A Paulinha é uma querida. Um dia, entre surpresa consigo mesma e duvidando da própria decisão me contou: "Vou prá Armênia. Prá um casório da família". Rimos juntas com a novidade inesperada e Yerevan (a capital da Armênia que eu também não sabia ser, até então) passou a fazer parte das nossas conversas. Quando eu for, isso ou aquilo não vai ser possível por causa dela, e por aí foi até que chegou o dia. Lá se foi a Paulinha prá Yerevan.
Ela é literata da boa e nada melhor que o relato da viagem contado por ela mesma. Mas, generosa, me incluiu e a parte que me coube era doce e linda. Chegou em um potinho de plástico e ganhou a mesa do café da manhã enquanto as novidades eram contadas prá um público interessado por tudo: a família, o casamento, as comidas, os pepinos (os pepinos são incomparáveis segundo ela), as montanhas, as cores, a língua, a música e os doces. 
Daqueles a gente podia entender um pouco mais vivamente. Estavam ali entre muitos hums! Eu queria saber do que eram os que não consegui decodificar, mas ela sorria: não sei! Eram tantos: laranja com amêndoas e especiarias, nozes, figo seco, romã e os de sabores desconhecidos. Todos incríveis.
Gosto muito dos doces do Mediterrâneo e do Oriente Médio. São bolos, biscoitos, folhados, muita semolina, macarrão cabelo de anjo e queijo. Feitos de frutas secas, muitas castanhas e inúmeras variações que dependem do lugar onde são preparados. Em Istambul, comi um baklava que não era exatamente um doce, mas uma viagem inteira...Não sei se por conta da grande imigração árabe no Brasil, mas sempre me pareceram  ter um gosto familiar. Aquele doce ativou todas as minhas papilas e memórias gustativas. 
Outro dia li uma pesquisa afirmando que o homo sapiens foi atraído para fora da África pela abundância de água doce na Baía de Eilat, no sul de Israel, fronteira com a Jordânia e Egito. E que isso facilitou a sobrevivência do homem moderno e sua posterior migração para a Ásia e Europa. 
Ok. Isso é um dado e tanto. Mas, para desfrute do homem contemporâneo, até hoje eles honram a herança. Da fonte de água doce, sendo um berço importante da evolução, para criadores de um tipo específico e maravilhoso de doce, que atravessou oceanos e conquistou terras longínquas.
E a Paulinha fez como eles: dias depois apareceu com um daqueles mini ninhos de uma única castanha, delicadíssimo. Direto do ninho do mundo para o meu ninho e meu desfrute. Certeza que ela aprendeu com os ancestrais. E eu, com todos eles. Obrigada, Paulinha! 

2 comentários:

Paulinha disse...

Marcita linda! Texto baklava, ativou as memórias gustativas daquele café da manhã cheio de sabores que não sei, me levou a Yerevan e a todos os não sei que viraram descobertas. Sorte a minha, viver pertinho de alguém que degusta ninhos com os olhos fechados. Bem que desconfiei que, de alguma maneira, viemos do mesmo ninho! Obrigada! Todo amor.

marcia micheli disse...

hehe! desconfiamos uma da outra...