Hoje meus filhos presentearam seu pai com imagens antigas. Foram atrás de um projetor e limparam slides antigos que desfilaram na parede cenas com o avó, pai do pai, que eles não conheceram. O meu pai, também eles não conheceram. Mas, pensei o quanto esses dois avós fazem parte da vida deles e também da pequena Marina, que já é a terceira geração. O cheiro da salsinha quando cortada e do queijo derretido escapulindo pelas beiradas da omelete que a minha neta adora também me construiram: era um momento de alegria na minha infância, quando depois da refeição cheirando a salsinha e queijo derretido meu pai me colocava no colo. Suas pernas eram gigantes e eu me sentia perfeitamente acolhida e confortável. O pai do meu marido era dono de vacas e produtor de queijos e, até hoje, um dos hits do café da manhã aqui em casa é receita dele. Chama-se "virado de queijo" e, segundo conta meu marido, que aprendeu a receita com o pai, é comida de tropeiro levando o gado de um lugar ao outro nas Minas Gerais. Outro dia escutei uma criança perguntar para a mãe, em relação a própria avó: " Mamãe, por que você tem mãe?". E a mãe responder: "Porque todo mundo tem que ter pai e mãe para poder existir". E, mesmo que eles já não estejam mais por aí, deixam seus deliciosos rastros em cotidianidades aparentemente desimportantes: salsinhas cheirosas e queijos derretidos com farinha de milho são elementos vivos e presentes com frequência no meu dia a dia. E a boa sensação que isso provoca vem de um lugar dentro de mim, que ultrapassa a cozinha: confiança e alegria na vida aprendi com meu pai quando era ainda muito pequena. VIrado de queijo vem do universo mais que afetivo da parte do meu marido e tem lugar cativo na vida dos meus filhos. Sou grata por isso, sempre. Feliz dia dos pais à todos aqueles que plantam boas coisas nos corações de seus filhos.
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