Desde novembro não paro de cozinhar para festas sem fim. Teve de tudo, mas a última foi muito legal. E queria dar a sugestão para os novidadeiros de plantão e suas respectivas festas de final deano.
Olha que legal: consegui jambu e tacacá, com a Antonia Padvaiskas, que comercializa vários ingredientes do norte do país e fiz do caldo uma das entradas junto com pastel de angú recheado de queijo da canastra e ora-pro-nobis, mais dadinho de tapioca com receita do restaurante Mocotó e geléia de pimenta da Tanea do restaurante Kitanda Brasil. Depois teve degustação de queijos artesanais brasileiros com sete deles: da Serra do Tabuleiro, da Canastra, de Pernambuco, da Paraíba, do interior de São Paulo, do Rio Grande do Sul. Eram queijos de leite cru, de vaca, ovelha, cabra e búfala escolhidos em meio a uma variedade absurda para harmonização com cervejas artesanais brasileiras. E seguiram os pratos com salada de farinha de uarini, lá da cidade amazônica de mesmo nome, que parece um cuscus marroquino com sabor prá lá de característico, feita de mandioca pubada (fermentada na água antes de virar farinha); escondidinho de jaca verde com quiabo e, por último, moqueca de caju. A sobremesa era um trio: sorvetes de chocolate com farofa de morango e sorvete de morango com farofa de chocolate servidos numa casquinha delicadíssima feita pela Mariana, um biscoito de coco com mini pudim de manga e maracujá com geléia de buriti, e uma verrine de romeu e julieta com ricota e creme de leite Balkis mais uma goiabada megacremosa de origem mineira.
Foi divertido ver as pessoas experimentarem o amortecimento que o jambu provoca na boca, o desnorteamento que a jaca verde provoca no paladar e a surpresa que o caju desperta quando não é nenhum peixe especial para moqueca.
As cervejas acompanharam tudo vindas também, de todo o Brasil: tinha de jaca, de caju, de açaí e foram desfilando junto com os pratos e tornando a coisa toda mais gostosa.
A jaca, recolhemos eu e a Marcela lá na Usp com direito a ataque de formigas e muita risada. Pensei que nunca antes tinha feito um jantar com ingrediente colhido por mim mesma de uma árvore da cidade...e que incrível e luxuosa possibilidade! Na megalópole, em meio ao caos de dezembro, fui bem perto da minha casa recolher parte dos meus ingredientes que serviram várias pessoas. Foi sucesso! Acho que meu presente de Natal já ganhei. Foi muito legal poder servir coisas tão diferentes e observar o quanto as pessoas estão abertas e disponíveis para o novo. Que venha 2015 sem preconceitos à mesa.
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