Fazia tempos que eu combinava de ir fazer macarrão com minha amiga Tanea lá em Gonçalves, Minas Gerais. Por um motivo ou outro nunca dava certo, mas esta semana resolvi fazer dar, e fui. Feliz da vida por sair um pouquinho do ar sujo e seco de São Paulo.
A Bia (amiga querida), passou prá me pegar e as cores foram mudando ao longo da viagem. Estava tudo florido e paramos no caminho para comer um pão de queijo frio...A decepção foi total. Mas a fome era grande e encaramos. A surpresa veio na primeira mordida; frio, porém maravilhoso. Puro queijo! Só em Minas é que se encontra um pão de queijo de beira de estrada frio e bom...Não fiz a foto do coitadinho frio, em compensação o jasmim no quintal parecia um ser vestido para festa. E o aroma...
Cheguei com fome no restaurante Kitanda Brasil da minha amiga Tanea Romão. Lá, ela desenvolve um trabalho lindo com a culinária típica do sudeste em suas releituras hipercriativas. Já imaginou compota de jiló com queijo mascarpone (ela usa Balkis, claro) ? A Tanea já. Se é bom? De comer rezando, como dizem os mineiros...
Amigos de muito tempo é assim: mãos a obra para produzir o capeletti. Ficou incrível. Recheio generoso com queijo Minas Padrão Balkis ralado no ralo grosso e bem homogêneo. Olha como ficaram gordinhos e lindos! Apesar da fome, fomos mesmo foi olhar a horta da Zezé antes que a luz do sol fosse embora. Que presente! Fico feliz de poder contar para vocês que, em uma cidadezinha no sul de Minas, existe uma situação utópica que é real: a cidade toda só come produtos orgânicos. Ninguém usa agrotóxicos. Acredite se quiser!
Sabe o que é pitaia? É uma fruta linda mas que não tem muito sabor...Pois a Zezé planta até pitaia! Perguntei, e ela me contou que por algum milagre do solo, as pitaias dela são bem saborosas. Se quiser saber mais dê uma olhada : pt.wikipedia.org/wiki/Pitaia
Pena que a foto que fiz com a Zezé ficou impublicável, totalmente sem foco! Queria que vocês pudessem ver e, talvez sentir, a delicadeza e disponibilidade com que ela nos recebeu...
Por fim, um por do sol deslumbrante e a fome que bateu forte. A Tanea fez um molho de tomates e um pão maravilhoso e nós nos deliciamos com o capeletti, uma garrafa de vinho que a Bia providenciou e um céu repleto de estrelas. Fomos dormir felizes da vida!
Já viram um galinheiro móvel? Ele aproveita o ciscar das galinhas para remexer e adubar a terra e, depois disso, uma parte do trabalho já está feito..."A pessoa precisa entender o que está fazendo". Me disse isso muitas vezes e compreendi que este é seu lema. Que funciona. Olha as mudas e o canteiro do Tiana.
E a flor de abóbora? Vou rechear com pasta cotagge Balkis e empanar. Depois posto aqui. E a abobrinha? Juro que eu não sabia que primeiro vem a semente , protegendo a área para que depois a flor e o fruto possam vir.
O Tiana me contou que todas as quartas feiras se encontram em um bar, na cidade, onde ele cozinha para a turma que lá aparecer. É conhecido como o "Bar dos Homens", mas mulher também vai. Diz a Tanea que o Tiana é um grande cozinheiro capaz de proezas no fogão tão legais quanto suas hortaliças...É o responsável por uma tal "quirerada", servida em praça pública em um determinado domingo no mês. Vou ter voltar lá para ver acontecer...
O resultado é que o tempo voou, e na hora que a gente se deu conta só dava para voltar direto, sem direito a paradas, como era o nosso plano inicial. Queríamos parar no caminho para ver o trabalho do seu Miguel com folhas de bananeiras, na fábrica da Balkis para conhecer, enfim, planos...
A Tanea reclamou que foi pouco (mas ela sempre reclama)...E na última hora ainda me deu a farinha do seu Bené de presente. Um presente que eu queria muito! Mas essa é outra história, que depois eu conto.
Viemos embora, eu e a Bia, conversando sobre a vastidão cultural que está associada a culinária e de como precisamos que ela sobreviva para que a gastronomia seja possível! Como as tradições orais se mantem vivas em volta do fogão, de geração à geração em uma criação ininterrupta e maravilhosa. E o tempo sempre vai ser curto para abarcar esta imensidão. Resultado: oba, vou ter que voltar!