Fiz do carnaval minhas férias, já que este ano ainda não as havia tido...
Mas, vou ficar devendo a foto do sorvete de tapioca porque, como diz o Guimarães Rosa, "invernou', e nem pensei em sorvete. Em compensação, fiz um banquete árabe com vários daqueles muitos ítens deliciosos tradicionais, usei as folhas de uva que comprei lá no mercado municipal e o kibe de abóbora com especiarias e queijo Lunarella Balkis que ficou bom demais. Toda vez que enveredo pelas produções da culinária árabe entendo o porque de muitos países desse pedaço do mundo aceitarem a poligamia (brincadeira!!!): precisa muita gente prá produzir uma única refeição...
Na volta, fui ao restaurante japonês bem tradicional que gosto e recomendo aqui em Sâo Paulo, o Yashiro no bairro de Pinheiros, onde se come bem sem pagar exageros comuns em vários restaurantes japoneses por aí.
São Paulo é reconhecidamente um centro gastronômico, mas porque será que comer aqui ainda é tão caro? Não sei se você acha o mesmo que eu. Vício de cozinheira, talvez, mas quando tenho que pagar caro por uma coisa que nem foi assim tão boa e eu mesma faria melhor, fica a sensação de que estou me tornando chata, ou que, no mínimo, deveria ser mais barato...
Exceto se você for milionário e nem pensar sobre este assunto, a maioria dos restaurantes bacanas em São Paulo parece que ainda sofre de uma mentalidade de colonizados, e do preço no cardápio à ambientação a sensação é de constrangimento.
Isso é uma coisa que a gente deveria pensar: se estamos construindo uma identidade e um futuro gastronômico precisamos entender melhor a relação criação/desfrute e custo/benefício para construir um preço mais justo.Sem contar na revisão do conceito de desperdício que parece vir junto com o falso esclarecimento e que depois ajuda a construir o preço praticado.
A mentalidade desperdiçadora começa nas escolas de gastronomia onde os alunos assistem diariamente uma quantidade expressiva de comida muito boa ser colocada no lixo sob a alegação de que não se pode doar comida porque, se algo acontecer, a instituiçao que doou será responsabilizada. Tem gente que se propõe a ir retirar este excesso - diariamente também caso seja possível -, e assumir legalmente a responsabilidade pela qualidade do alimento a partir do momento em este saia do local de preparo. Mesmo assim, o lixo é a opção escolhida...
Enquanto isso, meu filho me mandou um link do Ig onde li que a universidade de Bologna, na Itália, criou um selo chamado Last Minut Market destinado a disseminar a prática do desperdício zero. Na esteira dessa idéia, por exemplo, um café gastronômico local doará, ao final do dia todos os ingredientes não utilizados ao refeitório da Paróquia de San Giacomo Maggiore, a 150 metros dele e responsável pela alimentação diária de 75 pessoas carentes.É legal pensar que podemos unir o bom e bonito com menos disperdício, mais aproveitamento e disseminação de conhecimentos para um número cada vez maior de pessoas...
De volta ao meu almoço árabe, onde tudo começou, não sobrou nada, o aproveitamento foi total.