sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sorvete: alegria possível



Muito calor, na minha vida toda, sempre combinou com água e sorvete. A brincadeira com água, em um país onde água e abundância andaram de mãos orgulhosamente dadas por muito tempo, acabou. A irresponsabilidade de poucos gerou o caos para muitos. Mas, vamos ao sorvete porque esse assunto é difícil demais e a receita da responsabilidade em relação a ele passou longe de quem poderia ter feito alguma coisa e, mesmo assim, ainda não fez nada.
Enfrentar situações difíceis com alegria nos fortalece. Sorvetes costumam ser uma alegria. Então produzi este aqui, na intenção de dividir uma pequena alegria.
Se você mora em São Paulo, repare como as mangueiras e os abacateiros da cidade estão carregados. As minhas mangas vieram da feira porque estavam maduras demais e muito baratas. Me bastaram duas (uma keiti e uma palmer), que descasquei e bati puras no liquidificador formando um creme espesso. Tinha quase nenhuma fibra e, então, não coei. Mas, se as suas forem as da mangueira da rua, coe.
Resisti em colocar açúcar - porque já são tão doces -, mas não tem jeito. Os cristais de açúcar são importantes para ajudar a abaixar a temperatura, na etapa posterior. Mas, como disse o Pedro, meu filho, e consultor para assuntos de sorvete, o grande lance do sorvete é você ir batendo enquanto gela, para que os cristais fiquem cada vez menores até desaparecerem. Já invetaram isso: chama-se sorveteira mas, se você, como eu, não tem uma, coloque a sua mistura no congelador, em um bowl de inox, e mexa cada vez que começar a congelar das paredes do bowl para dentro da mistura, quebrando os cristais de gelo.
No meu sorvete, coloquei arriscadamente só 70 gramas de açúcar para as duas mangas, que caramelei com um pouco de água batida com gengibre e erva-cidreira. Fiz uma calda muito espessa. Esperei esfriar e misturei ao purê de mangas junto com  285 gramas de creme de leite Bakis. E...tempo de espera no congelador. Quando começar a congelar as beiradas, misture e bata, volte ao congelador; congelou, misture e bata; de novo e de novo até chegar no sorvete cremoso.
Só exige dedicação, difícil não é. Mas e a alegria de no meio da tarde quente servir o seu próprio sorvete? Delicioso e muito gelado? Fica a dica para o seu final de semana. Se tiver criança pequena em casa, um balde cheio de água ainda pode multiplicar a alegria. Sorvete feito em casa saboreado dentro do balde. Memórias boas que vão construir força, com certeza. Bom sorvete.