quinta-feira, 29 de maio de 2014

Palmito da terra


No último final de semana, em meio a um dilúvio, fui para a praia. Fazia tempo que não descansava tão profundamente. Meus amigos queridos, que já têm um lugar no paraíso são generosos, e desfruto com eles algum tempinho da beleza toda. A chuva incessante, caindo na mata fechada, onde está a casinha, me colocou para dormir e me deu de comer também. Foi de dentro da mata que saiu o que eu diria ter sido uma das experiências gastronômicas mais incríveis dos últimos tempos. A chuva derrubou uma palmeira de palmito das centenas que existem só naquele pedacinho (derrubar uma palmeira dessas, por lei, dá cadeia: é crime inafiançável).De repente, meu amigo Afonsinho, munido de capa de chuva e facão colocou o palmito na janela. Nós o descascamos para por no forno, só com manteiga, mas a faca não dava conta de fazer o corte: de tão tenro, não resistia à dureza da lâmina. Era um creme. Eu e a Bia não acreditamos. Comemos um tanto dele cru, sem entender direito o sabor e a textura, pois aquela não era a referência de palmito que nenhuma das duas tinha anteriormente.. Depois cortamos de outro jeito e colocamos no forno com cuidado para não derreter...o que é da terra e está ao alcance da mão tem uma qualidade incomparável. Abre os nossos sentidos não só para o alimento mas para a beleza da vida. Quem dera a gente pudesse, ao menos, ter essa consciência desperta. O planeta, com certeza, estaria mais preservado, e as relações seriam mais justas e íntegras. Comemos palmito com muita satisfação! polenta mole