Pense: quem é mãe está às voltas com a alimentação desde sempre. Primeiro, era o leite de excelente qualidade, aquecido na temperatura exata, com os nutrientes perfeitos, e disponível a qualquer momento. E a amamentação estreitou os laços e o afeto entre a mãe e o bebê. Depois, a complexificação de sabores, com a apresentação dos sucos de frutas. E, por último, a abertura para o praticamente infinito mundo das texturas, temperaturas, cores, odores, sabores e possibilidades de ingredientes e combinações, com o início da papinha salgada e, enfim, para a alimentação propriamente dita.
A primeira
refeição, provavelmente, ninguém reteve na memória. Era perfeita e anterior
a nós mesmos, como nos reconhecemos hoje ou no passado. Pois, desde antes de nascermos, já estávamos sendo alimentados. Em quantidades e proporções perfeitas, que nutriam
e constituíam as nossas, então, futuras vida e corpo.
Ao chegarmos ao mundo também fomos alimentados. E, então, a longa e maravilhosa jornada da alimentação
prosseguiu. Éramos pequenos sábios. Tínhamos conhecimento do único alimento capaz
de nos auxiliar no avanço e fortalecimento da vida. Sabíamos intuitivamente a melhor forma
de receber este alimento; qual era a boa fonte; qual a maneira e o ambiente
correto para fazer as refeições. Tudo tinha que parar porque essa hora era
sagrada. Calma, atenção e concentração eram absolutamente necessárias. E, então,
completamente gratos pela dádiva recebida, adormecíamos. Esse era um momento em
que estávamos abertos para amar e ser amados. E era isso o que
importava.
Hoje, muitas vezes fazemos da
alimentação um problema ou um palco para muitos outros problemas. O que eu quero dizer é que a alimentação é um continuo em nossas vidas e, sempre, o tempo todo, alguém está se ocupando disso. Na idade adulta, muitos de nós escolhemos essa atividade como profissão. Mas, todos, em algum momento, fomos iniciados na alimentação por nossas mães. E, delas, para as grandes relações que o alimento e
a alimentação encerram no nível pessoal, social e universal.
Chegou mais uma vez o dia das mães. Vamos nos reunir com elas para comer, relembrar e desfrutar do que os nossos paladares com elas começaram a aprender. Vou fazer polenta mole com cogumelos e queijo mascarpone, e receber meus filhotes e a Marina, ainda na barriga da Kelly, minha nora querida. Feliz dia das mães para todas nós!