terça-feira, 21 de junho de 2011

Farinha de Uarini




Vocês não imaginam o que eu achei lá no fundo do meu armário: farinha de uarini. Que é isso? Adivinha? A camaleoa da culinária nacional: mandioca, claro!
Vem lá da Amazônia, de uma cidade chamada, justamente, Uarini. É feita da mandioca amarela, molhada até virar puba. Neste processo ela fermenta e ganha uns tons ácidos que ficam muito característicos. Depois é espremida, peneirada e no processo inverso, seca! A farinha que aparece, então, é a “farinha de Uarini”. Lá ela ganha o nome de ova ou ovinha dependendo do tamanho que fica. Parecem ovas de peixe, daí o nome. É dura prá valer e o pessoal de lá come in natura, ou seja, dura assim mesmo. Acho que é coisa de índio que molha alguns alimentos com a saliva antes de conseguir mastigar. A gente aqui não tem essa tecnologia, não! É melhor hidratar antes.
Lá é prato certo com casquinha de caranguejo, peixe e farofa de carne seca (que é feita com ela). Aqui, bem, aqui infelizmente não se encontra dela ainda...Por isso minha alegria quando descobri que ainda tinha um pouquinho da iguaria. Um cozinheiro amigo, que tem uma mulher que trabalha com um pessoal lá da Amazônia que me trouxe.
Dá um cuscus maravilhoso. Dá prá hidratar com hondashi ou só com shoyu, dá pra fazer salada com castanhas e ervas como se fosse cuscus marroquino de semolina, só que muito mais saboroso.
Como o inverno chegou hoje, em dia seco, ensolarado e quente fiz como cuscus, com caldo de legumes e frutas secas. E também fiz um pouquinho com shoyu que descobri outro dia ser uma combinação estranha e muito boa: mandioca com shoyu.
Se você tiver a sorte de arrumar um pouquinho dela, faça assim, que dá certo: para uma medida de líquido, a mesma medida da farinha de uarini. Ferva o líquido, desligue , coloque a farinha de uarini, tampe e deixe que ela absorva todo o líquido. E aí, faça como quiser. Estou postando a foto dela seca e cozida prá você entender. A minha é do tipo ovinha.