Polenta é um prato simples e delicioso. Mas uma boa polenta não é fácil de se encontrar por aí. Eu adoro a versão "polenta mole". Aqui em casa tem sempre alguém que se aborrece com a dedicação que ela merece e exige para devolver em sabor e textura. Explico: uma boa polenta mole pressupõe que o fubá seja muito bem cozido. Isso significa mexer a panela por cerca de 40 minutos para que o grão do fubá cozinhe e adquira um sabor maravilhoso. E antes da mexeção também tem dedicação. O líquido em que a polenta será cozida deve ser bem saboroso e, para isso, lá se vão mais uns 40 minutos na preparação de um fundo aromático cozido em fogo lento . Fora o molho, feito com carinho ou um ragú igual. Ou ainda, os dois.
Não é difícil, mas exige. Para mim, é sempre um grande prazer ver aqueles grãos se transformarem em tanto sabor. E gosto da mexeção: me descansa. São momentos em que não posso fazer trinta coisas ao mesmo tempo. Exige presença. É quase como meditar. O problema dessa polenta é que não se pode comer dela por aí com facilidade. Nos últimos anos, para eu comer uma dessas, só se eu mesma a preparasse.
Em dias como os de hoje - um pouco frio - é o prato perfeito: acolhe, conforta e é quase um carinho. E hoje tive tudo isso e mais: polenta de muita categoria, na minha própria casa e que não foi feita por mim: minha filha menor, Marcela, tem se revelado cada vez mais uma cozinheira das boas, mas polenta que nem a dela, só a minha. E melhor que a minha, só a dela. O que abre um precedente para os italianos: polenta mole da mama é boa, mas a da filha pode ser melhor. A receita está no site.