quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Café da manha vulcânico



Há tempos, não tirava férias.  É o que estou fazendo agora. Ontem vi algo que não me aguentei e cá estou, em uma internet na praça de San Pedro de Atacama, Chile, para contar logo!
Na madrugada de ontem visitei o terceiro maior campo geotérmico do mundo: chama-se Geyser del Tatio. À 4300 metros de altitude, aos pés do vulcão Tatio, que está extinto, mas cheio de atividades residuais, com  muito magma a apenas 15 kilômetros abaixo do solo. As águas que entram em contato com as rochas quentes fervem imediatamente e sobem para a superfície jogando seus jatos a até 40 metros de altura, muito quentes. Ou, produzindo torres de fumaça que fazem deste lugar alguma coisa que parece um outro planeta. É um fumacê danado, alguns lindos e muito, muito altos. Vinte e quatro horas por dia, todos os dias, há muito tempo..
O espetáculo ao nascer do sol e a menos oito graus centígrados é frio e lindo. Mas o que quero contar é que recolhemos de dentro de um desses geysers um saco cheio de ovos perfeitamente cozidos e dois litros de leite bem quentes para o café da manhã. Que tomamos, em várias línguas sob o olhar da lua se pondo de um lado e um festival de cores que se derramou sobre o lugar com a saída do sol, por detrás do vulcão Tatio. Aliás, Tatio quer dizer "avó que chora". O perfil do vulcão é o de uma senhora e, dizem que  quando o inverno se retira e com ele todo o gelo que cobria o Tatio, uma linha de água do degelo cai, por dias, dos olhos da avó que, então, chora. Mundo grande, esse nosso mundo... Depois dos ovos e do leite experimentei o banho nessas águas muito quentes, nesse cenário extraterrestre, sem lágrimas e com uma certeza estranha de que ovos cozidos em água vulcânica com uma fatia de queijo pode ser o melhor dos cafés da manhã!
Prometo colocar a foto da retirada do café da manhã de dentro das águas vulcânicas assim que chegar. E corrigir as pontuação das palavras, pois o teclado aqui é bem diferente..