quarta-feira, 6 de junho de 2012

A Balkis no Dia dos Namorados!


Namorar é uma das melhores coisas da vida, certo? Comer é outra. Comer coisas gostosas junto com pessoas queridas nos lembra que boa parte da vida é desfrute de tudo que este maravilhoso planeta coloca à nossa disposição, de acordo? Se você concorda comigo e, melhor ainda, está apaixonado, não perca: a Balkis quer participar do seu Dia dos Namorados. Para isso, preparou um kit com o que sabe fazer de melhor: queijos. Se aliou com a Casa Valduga, que entende dos vinhos, e com a Queensberry, que entra com a geleias!
A sua parte é comprar umas torradinhas de pão sueco, um bom e crocante pão italiano, as flores para enfeitar a mesa e as velas, se o romantismo fizer parte da sua vida!
No kit tem também um espumante que você inaugura assim que seu convidado especial chegar. Depois, você pode aquecer levemente o queijo Serra da Balkis e colocar uma das geleias por cima dele. E continuar surpreendendo junto com o vinho tinto de sua preferência pois, afinal, o frio está chegando e a ocasião merece. E, o melhor, é que no final de semana a comemoração pode continuar, porque o dia dos namorados vai cair no meio da semana e não vai dar para aproveitar tudo que você vai ganhar de uma só vez. 
Para isso tudo acontecer, além das velas e do pão, você tem que completar a frase "Romance com Balkis...", seguir o regulamento e se inscrever a tempo. Corre lá. É só clicar no banner aqui ao lado. 
E se a paixão por alguém em especial não está em pauta neste momento da sua vida, venha também! Com certeza você tem muitos motivos para comemorar. Sorte para todos!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Farinha de Puba



Vou contar da farinha de puba que ajudei  a peneirar e trouxe de Tapuio. Por causa da natureza fresca dela, e do calor da viagem, veio só um pouquinho, que dividi com o Marcelo. A minha, deu um bolo Souza Leão, e a dele, em uns bolinhos superleves que pareciam uma cocada. Comi hoje, mas nem pude fotografar prá mostrar.
A farinha de puba é feita a partir da fermentação da mandioca na água. O processo é assim: coloca-se a mandioca descascada dentro daqueles sacos de ráfia, ou sacos pláticos de farinha com tramas, e os sacos dentro do rio por 3 dias. A fermentação acontece espontaneamente e a mandioca amolece e sobe na água. Aí, é lavar bem as mandiocas e colocá-las em um utensílio incrível, chamado tipiti ou tapiti. O tapiti acompanha os produtores de farinha desde sempre. É um cilindro, lindamente trançado em palha com uma alça e um orifício em cima. É uma peça sem remendos, inteira. O trançado é tão engenhoso que funciona como uma mola, abrindo e fechando conforme a necessidade. E também como um poderoso compressor. Aperta a mandioca que vai lá dentro. E, no caso da mandioca que ficou três dias dentro do rio, ela já perdeu a estrutura firme e está maleável. Aí, se pendura o tapiti em um gancho alto pela parte de cima. Em baixo, ele tem uma alça onde se coloca uma alavanca que fica presa em umas argolas no chão. Desta forma, começa a verter da mandioca um líquido amarelo muito vivo que pinga durante 20 minutos em um recipiente colocado em baixo do tapiti. Este líquido é o tucupi e carrega nele o ácido cianídrico da mandioca brava. Ele também é utilizado no famoso pato no tucupi, por exemplo. No Maranhão, deixa-se o líquido amarelo em contato com o ar  e no sol por três dias, e dele se faz o molho de pimenta em conserva para temperar peixes e outras iguarias.


Voltando à farinha de puba. Depois deste tempo no tapiti, passa-se a massa que sobrar pelo catitu, que é um motor que vair ralar ainda mais esta massa. O moedor (catitu) é uma peça redonda de madeira toda dentada com inspiração no antigo modo indígena de moer a mandioca (na língua de um peixa amazônico chamado pirarucu). Uma vez passada no catitu, a massa volta mais um tempo para o tapiti, onde libera um pouco mais de   tucupi. Aí sim, chega em sua etapa final: passar a massa fresca e cheirosa pela peneira. Foi aí que participei. Ela é conservada na geladeira por até sete dias. E as fotos, a Talita cedeu!

domingo, 3 de junho de 2012

Bolo de Puba do Maranhão



Prometi contar tudo na volta do Maranhão. Mas, é coisa não acaba. Vou ter que ir aos poucos, dividir em duas, três vezes, senão vai dar daqueles posts sem fim...
Primeiro, tudo que eu agradecer ao Zé Maria, a Andréa, a Amanda e ao Alyson é pouco. A generosidade dessa família que nunca tinha nos visto mais gordas na vida (eu, Talita e Marcela) foi mais que generosa, foi puro amor. Desalojaram as crianças para nos ceder seu quarto, cozinharam prá gente, revelaram seus segredos, partilharam o rio e suas histórias, dividiram as crianças do quintal e da escola com a gente, e nos redesenharam plenamente o significado da palavra confiança e solidariedade. Muito, muito obrigada.
Ficamos na comunidade do Tapuio, em Barreirinhas, Lençóis Maranhenses. Lá, a presença e importância da mandioca como cultura de subsistência é total. Nunca tinha experimentado tão vivamente a herança indígena no cotidiano contemporâneo de brasileiros não índios: as crianças, se não estão dormindo, comendo ou na escola, estão dentro do rio. O calor é demais, o lugar é paradisíaco e o rio Preguiça desenha uma praia de areia fina e branca no quintal dessa família. Bebês, adultos, velhos, crianças convivem com o rio como elemento vivo e fundamental: tudo se faz no rio. Das  crianças, o que mais se escuta é: "bora" banhar no rio?
O rio enche e vaza quatro vezes ao dia. A tábua das marés no Maranhão é a maior do Brasil. E nas duas cheias diárias o rio entra para dentro das roças de mandioca, macaxeira, banana, juçara, buriti, dendê...
O Zé Maria é professor e a pessoa de maior conhecimento sobre mandioca que conheço: sabe tudo. Começou nos levando conhecer a roça e , hoje, me orgulho ao dizer que sei diferenciar a mandioca brava da outra (que lá eles chamam macaxeira). É pelo espaçamento dos nozinhos no caule que se sabe qual é uma, qual é outra: na mandioca brava o espaçamento entre eles é bem maior. O ácido cianídrico é que torna a mandioca brava, brava. Explica-se: ela é autossuficiente, e necessita apenas da luz do sol para sobreviver. É no  caule que ela realiza a fotossíntese e libera energia no solo ajudando-o em sua recuperação. Daí ser a planta do sertão. 
Hoje, fiz o bolo de puba, que é a mandioca fermentada. Precisava usar logo ela. Lá, fiz com a dona Maria José, o bolo de puba local que era um pão de ló, com leite de coco natural e farinha de puba. Aqui, experimentei a  receita do famoso bolo pernambucano Souza Leão. Inventei colocando coco ralado. Ficou gostoso e comemos com queijo fresco. Puba maranhense, com receita pernambucana e queijo nacional! Já, já eu conto o que é farinha de puba, prá quem não conhece.