Faz tempo que tenho vontade de escrever sobre comida árabe, mais especificamente, sobre o que a gente se acostumou a nomear como tal. O Brasil, em sua permeabilidade, abraça o que chega como se fosse seu, desde sempre. Várias civilizações contribuíram para a construção da nossa identidade gastronômica. E os árabes fazem parte disso. A gente incorporou tão naturalmente alguns itens do cardápio árabe que nem se pergunta como é que eles entraram na nossa vida e qual a origem da coisa toda.
Aquilo que reconhecemos como sendo comida árabe vem de países como Líbano, Síria, Palestina e Jordânia: quibe, esfiha, coalhada seca, hommus, tabule, babaganuche, falafel, mijadra, kafta, michuí, fatuche (que originalmente era uma salada de pão velho), pão sírio, pão folha e outros pães, halewi, molhos de tahine, uma infinidade de doces a base de pistache, damasco, figo seco, tâmara, nozes, snoubar (que é como eles chamam o pinoli) mel, semolina, muita manteiga e águas de flor de laranjeira e rosas, etc, etc, etc...Originalmente, a carne mais utilizada é a de carneiro, mas as adaptações feitas aos diversos lugares aonde as comidas aportam é que dão graça à viagem. Aqui, o quibe é de carne bovina, a kafta idem e o michuí tem de frango também. Claro, que tem carneiro, mas pouco. Eu gosto é da combinação de ingredientes com alto poder nutricional e repletos de sabor e aroma.
Pouca gente sabe, mas o “curry” do árabe é a zattar: uma mistura de ervas que muda de região para região e aromatiza tudo. E o trigo, ingrediente supernutritivo, que está em várias preparações é a base de muitas coisas além do quibe e do tabule. Tem a sopa de trigo em grão com grão de bico (kish quech, não sei se é assim que se escreve!), para dias muito frios.
A receita com grão de bico mais popular entre nós é o hommus, apesar da minha preferida ser o falafel, que considero o acarajé árabe, porque o princípio de execução é o mesmo. Os laticínios não ficam atrás com a coalhada seca e o chich barak, aqueles mini capelletis de carne de cordeiro cozidos na coalhada, mas que também pode ser recheado com ricota.
Os árabes não vieram em levas migratórias como os japoneses ou italianos, mas por eles mesmos. A bisavó do meu marido trouxe com ela um pilão de mármore (imagine só, uma senhora viúva, cheia de filhos, carregar um pilão de mármore na sua mudança para outro país...), para pilar o trigo...Sabe como é na casa do árabe? Comida, comida e comida. E se você não come, é ofensa, ofensa e ofensa...
Sempre acho que é de se admirar esses povos que vêm de longe, deixando para trás seus amores, sua língua, sua terra, quase tudo. Mas, sempre trazem a comida, porque por meio dela é como se trouxessem de tudo um pouco...
Bom, a Simone pediu, e lá vai a receita do kibe de abóbora (adaptações são infinitas!) com queijo Coalho Balkis. Lá na praia usei Lunarella, mas hoje, só tinha coalho. Ficou bom igual!
Quibe de Abóbora
Ingredientes
Modo de Preparo:
Corte em pedaços pequenos e cozinhe a abóbora no vapor com casca. Na água do cozimento coloque as folhas de louro e os cravos da índia.
Coloque o trigo em água potável e leve ao microondas por 5 minutos
Corte a cebola em brunoise (cubinhos bem pequenos)
Higienize a salsinha, seque e corte o menor que conseguir.
Corte as nozes, mas deixe pedaços pequenos e inteiros.
Rale 70 gramas de queijo coalho Balkis no ralo grosso.
Retire as sementes da pimenta dedo de moça e faça tiras muito finas das duas metades. Em seguida, corte em cubos bem pequenos.
Rale um pedaço de gengibre.
Escorra o trigo em peneira fina.
Quando a abóbora estiver bem cozida, amasse-a quente e misture todos os ingredientes de forma que fiquem totalmente homogêneos. Salgue, coloque limão e azeite a gosto.
Em um refratário, coloque metade do quibe, o queijo na seqüência, terminando com a outra metade do quibe. Passe a faca e corte o quibe, antes de assar.
Asse a 180 graus e divirta-se!
Zattar |
- 450 grs de abóbora cabochan
- 2 folhas de louro
- 3 cravos da índia
- 150 grs de trigo para quibe
- 1 cebola
- 50 gramas de nozes
- ½ maço de salsinha
- 1 pimenta dedo de moça
- 70 gramas de queijo coalho Balkis
- azeite de oliva extravirgem (qb)
- sal (qb)
- limão (qb)
- gengibre (qb)
Coloque o trigo em água potável e leve ao microondas por 5 minutos
Corte a cebola em brunoise (cubinhos bem pequenos)
Higienize a salsinha, seque e corte o menor que conseguir.
Corte as nozes, mas deixe pedaços pequenos e inteiros.
Rale 70 gramas de queijo coalho Balkis no ralo grosso.
Retire as sementes da pimenta dedo de moça e faça tiras muito finas das duas metades. Em seguida, corte em cubos bem pequenos.
Rale um pedaço de gengibre.
Escorra o trigo em peneira fina.
Quando a abóbora estiver bem cozida, amasse-a quente e misture todos os ingredientes de forma que fiquem totalmente homogêneos. Salgue, coloque limão e azeite a gosto.
Em um refratário, coloque metade do quibe, o queijo na seqüência, terminando com a outra metade do quibe. Passe a faca e corte o quibe, antes de assar.
Asse a 180 graus e divirta-se!