segunda-feira, 18 de junho de 2012

Viva São João, viva o milho verde!


Outro dia me perguntaram o que é que tinha São João a ver com o milho verde. Pensei bem e achei que nada. Fui pesquisar e descobri que nada mesmo. Antes do catolicismo chegar e se juntar a certas festas populares elas eram inteiramente pagãs e ligadas aos dos ciclos da terra, aos solstícios de inverno no Brasil, e, de verão, na Europa. Épocas de algumas colheitas bem específicas e esses ingredientes estão definitivamente "casados" com essas festas. Aí, veio a igreja e associou com a festança toda os seus santos populares como São João, São Pedro e Santo Antônio. Quem trouxe a festa foram os portugueses, mas hoje em dia isso é só memória.
A minha memória de menina em relação às festas juninas é viva: tranças, pintinhas nas bochechas, chapéu de palha e vestido cheio de rendas. Ensaio de quadrilha e fogueira onde se assava milho e queijo. E o cheiro do bolo de milho saindo do forno com uma camada de creme na parte de baixo. Os cheiros são o que eu mais lembro: do doce de batata doce e de abóbora com fios grandes de coco, do amendoim torrado e acho que meu amor pelo gengibre mora originalmente no cheiro do quentão que exalava calor nas noites estreladas e frias de junho.
Geração após geração, nós brasileiros que não somos muito dados à tradições, mantemos esta nos campos e nas cidades. E agora que sou avó, tive vontade de experimentar um bolo de milho verde com sour cream da Balkis. Rodei muitos supermercados para poder encontrar um, mas agora, o bolo saiu do forno e a memória olfativa me arremessou lá prá trás. Daqui algum tempinho vai ser a Marina, agora tão pequenina, que vai se animar com as festas juninas, a quadrilha, a fogueira e a comilança.O São João mesmo, não tem muita importância na formação da memória festiva das crianças. Aliás, pelo que eu sei o milho é original das Américas e lá na Galiléia não tinha millho, não!