Ontem a Nana me mandou uma crônica da Nina Horta sobre a linguagem
oculta na cozinha. Em algum momento ela dizia que, às vezes, leva-se uma vida
para assimilar algumas coisas.
Refleti e, claro, pensei na minha. Ontem mesmo conversando
com o Marcelo, enquanto preparávamos um evento, disse a ele que, há alguns anos, eu tinha muitas opiniões. Hoje em dia, tenho bem menos, e, portanto, posso aprender muito mais.
Uma
faca, silêncio e um horário estrito para um trabalho ser entregue fazem as
pessoas mais sábias. O Marcelo estava inspirado e, sabiamente, me disse que eu faço coisa demais, que as pessoas me acessam o
tempo todo e que eu estou sempre disponível. Também refleti a respeito. Cada um segue
seu caminho, mas parar para contemplar uma bela paisagem faz parte dele também.
Então, hoje, domingo resolvi
me dar um dia de descanso. Comecei emocionada ao ver minha filha mais velha
(arquiteta) preparar o seu primeiro vinagrete na vida. Pediu orientação para os
cortes. Orientei. Ela executou lindamente e lembrei da minha conversa com o
Pedro ( meu filho com dons culinários que está construindo a própria casa). Ele
me contou um sonho em que, ao preparar um jantar, seguia a receita dada pelo seu
arquiteto. Ele duvidava de algumas coisas, mas seguia firme. Quando acordou, concluiu: cozinhar é igual construção civil. Tem receita, mas é preciso, além
do conhecimento, usar a intuição e confiar! Bingo. A minha arquiteta cortou
tomates e cebolas rigorosamente no padrão estipulado e ainda fez uma salsinha
tão pequena que colocaria muito profissional no chinelo. Orgulho de mãe, vocês
vão dizer. Pode ser, mas eu acredito que pessoas podem tudo..Construir casa e cozinhar, que afinal nem são tão diferentes assim.
Resolvi produzir um almoço simples. Figos fritos com queijo
burrata, arroz com pimentões e tomates
assados, salada de pepino com iogurte e hortelã (feita pelo meu marido) e, veja, estou saindo para o cinema!
Feliz da vida!