terça-feira, 31 de março de 2015

A realidade do capim-santo que parece ficção


flores da pitaia
Gente, vou pedir licença porque o assunto é sério. Estou aqui, semanalmente, para falar de comida, paladar, construção de conhecimento e cultura. Moro em uma das maiores cidades do planeta, centro gastronômico e cultural importante, e bem ali, a 3 quilômetros da minha casa mora a ignorância. A Neide Rigo, nutricionista dona de grande conhecimento que divide regularmente, está no centro de uma questão bizarra. Se uniu aos vizinhos para plantar e cuidar de uma horta comunitária que acabou virando uma "questão". Plantar ervas para todos e qualquer um e cuidar de um espaço público abandonado, substituindo lixo e entulho por plantas comestíveis e flores foi  mal interpretado e gerou reações contrárias de alguns vizinhos - acreditam?
Fiquei tão espantada com essa história que achei importante passá-la para frente. De que adianta receitas incríveis se não se reconhece a beleza e a importância de ações que educam, inspiram, embelezam e contribuem? Quem pode ser contra a ideia de poder ir ali na esquina e colher manjericão fresco para o seu macarrão e capim-santo para o suco ou o chá? Plantados e cuidados por alguém que eventualmente você nem conheça, mas que divide com você? Acho que não estou entendendo o mundo direito...
Na praça em frente a minha casa colho, abacate, limão cravo, fruta pão e eu mesma plantei uma mangueira, que vai indo muito bem, obrigada. Plantado do lado de lá, mas florescendo e frutificando do meu lado do muro estão essas maravilhosas pitaias que os vizinhos dividem comigo. Sou uma otimista e acho que a Neide vai sair vitoriosa dessa história, mas expôs com ela uma realidade que parece ficção. E que precisa, sim, de exposição para poder ser esclarecida e modificada. Porque, acredito que só muita ignorância seria capaz de gerar atitude semelhante. E, para ignorância, esclarecimento. Que pode chegar com cheiro de capim-santo para o suco, o arroz, o chá, o brigadeiro, a sopa tailandesa etc etc etc.

pitaias