quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pierre Hermé: pedacinhos de sonhos coloridos



Ganhei um presente muito especial que me transportou ao primeiro doce da minha vida. Éramos três amigas inseparáveis e, naquela época, as crianças brincavam na cozinha. Devia ter entre oito e dez anos. As regras eram claras e a pia era da casa de uma delas. O mármore branco ficava tingido de marrom quando derramávamos o líquido espesso da bala produzida a seis mãos como quem cozinha para um rei. Depois, era esperar esfriar, cortar, retirar do mármore e, orgulhosamente, apresentar o resultado do prodígio ao mundo!
Essa experiência, entre outras, foi parte importante da minha formação como ser humano. Acho que sou uma pessoa melhor porque brincava com minhas amigas na cozinha da casa de uma delas, em um dia de férias qualquer, sob regras explicitas dos adultos presentes e aprendi a alegria de comer e dividir uma preciosidade feita a três. Era o doce mais saboroso e perfeito do mundo todo. Nada se comparava àquilo.
Quando me perguntam se teria alguma indicação de onde comer em Paris. sempre digo: arrisque-se, vai ser bom! Mas, se gosta de doces, não deixe de comer um macarron do Pierre Hermé. A loja em Saint  Germain parece uma joalheria, e os macarons são as jóias. Cada mordida é um veículo com destinos diferentes. É uma experiência: são crocantes por fora e muito macios por dentro. Os recheios apontam para várias direções tudo junto e ao mesmo tempo. Tem quem pense em como reproduzir tamanha perfeição. Eu não. Não quero saber como fazer porque aquilo é puro mistério, e deve continuar sendo.   
A Paulinha querida me perguntou o que eu queria que ela me trouxesse de Paris. Eu disse, nada, mas como sei que ela aprecia bons doces, dei a dica. Pois, ela vestiu trajes de fada madrinha e na sua volta transportou uma caixa linda cheia de macarons do Pierre Hermé, todos prá mim! Ele muda os sabores conforme as estações do ano e em plena primavera ela me trouxe `os jardins` da estação! Aiaiai...Diante de tanta perfeição e explosão de sabores a vida me arremessou `as balas escuras no tampo de mármore branco. Estavam para o rei assim como os macarons do Pierre Hermé. No caso, fui eu a rainha. E a vontade de dividir com todo mundo para que as pessoas entendam que a perfeição existe?
Obrigada, Paulinha, por transportar lindos pedacinhos de sonhos coloridos de um continente ao outro e acordar minha memória com o que hoje passa a ser o segundo melhor doce do mundo...
Se for à Paris, não perca: Pierre Hermé: 72, Rue Bonaparte, Saint German des Prés, perto da igreja de Saint Sulpice.