sábado, 14 de junho de 2014

Brasil, o país dos comilões


Descobri que este não é exatamente o país do futebol: está mais para país dos comilóes. Ô gente festeira! Nunca vi nada parecido na cidade de São Paulo como na quinta-feira passada. Os supermercados todos estavam abarrotados de gente de uma maneira inédita. Tinha congestionamentos nos estacionamentos, nas ruas com acesso à eles, e as filas dos caixas entravam por dentro dos corredores desorganizadamente. Todo mundo se preparando para reunir amigos, família e comer - e, tá bom, ver o jogo do Brasil também. Eu, que não entendo nada de futebol, era a incauta atrás de uma bandeja de cogumelos. Me deparei com a multidão de cozinheiros e cozinheiras prontos para colocarem o melhor de si no aperitivo, na comida e na alegria de estar junto. Hoje, a Rose, que é o anjo que trabalha um dia na semana comigo, me contou uma história muito boa de como foi a quinta-feira de festa dela: tem um moço que trabalha com produção de eventos e que organizou pipoca, milho verde, outros comes e um telão, na rua mesmo. Os moradores todos se divertiram e quando foi umas 9 da noite, junto com outras tantas vizinhas, foram varrer a rua. Apesar de terem colocado muitos cestos de lixo, sobrou dele no chão. Não é sensacional? De forma espontânea, natural e simples as pessoas juntas produzem e desmontam uma linda festa para todos. Para mim, o futebol é apenas o pretexto. O que está mesmo em jogo é a socialização, a solidariedade e a maneira leve e eficiente de fazer uma comidinha. Deste ponto de vista, eu diria, o Brasil tem talento. Em casa, a Marcela que trouxe na mala um queijo especial me chamou, e juntas, fizemos o almoço para os amigos queridos. Não vi o jogo, mas ganhei o dia.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Bolinho de arroz...desde sempre

Essa turma não para, e eu continuo ganhando presentes comestíveis, que adoro! A Talita chegou de Portugal e quando eu disse que estava com saudades, ela soltou:"trouxe vários presentes para o blog!". E fomos comer pão de queijo para comemorar tudo: a viagem, os presentes, a saudades. Não conheço Portugal e ela me contou que comeu muito bem, que é lindo e que todo mundo faz vinho, azeite e tem horta. Me trouxe um azeite sensacional, do sul, onde se come azeitona do pé; e flor de sal, cevada e farinha de arroz embrulhada no papel da loja que se chama " A vida Portuguesa" com um subtítulo genial : "desde sempre". As embalagens traduzem o espírito da coisa e falam mais do que qualquer palavra . A cevada chama "moreninha" e a farinha de arroz retrata o desconsolo do menino que tem seu mingau abocanhado pelo gato sob o olhar animado do cachorro, que parece ser o próximo, enquanto o menino chora! É muito bom! O mais lindo é a embalagem do sal...e o mais gostoso, o azeite! A TAlita me trouxe comida que conta história. Hoje fiz bolinho de arroz natureba (com arroz integral) para os os intolerantes ao glúten, à lactose e às frituras. Com a farinha de arroz portuguesa, com certeza! Assei ao invés de fritar. Ficou bom. Foi com queijo Sinlact frescal Balkis. Não entendo nada de futebol e nem sei se Portugal tem time, mas serve de idéia para um petisco saudável durante os jogos da copa do mundo. As pessoas se juntam para ver jogo, comer e beber. E quando as pessoas se juntam para comer, sempre têm história para contar. Como diz a embalagem portuguesa "desde sempre"...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Palmito da terra


No último final de semana, em meio a um dilúvio, fui para a praia. Fazia tempo que não descansava tão profundamente. Meus amigos queridos, que já têm um lugar no paraíso são generosos, e desfruto com eles algum tempinho da beleza toda. A chuva incessante, caindo na mata fechada, onde está a casinha, me colocou para dormir e me deu de comer também. Foi de dentro da mata que saiu o que eu diria ter sido uma das experiências gastronômicas mais incríveis dos últimos tempos. A chuva derrubou uma palmeira de palmito das centenas que existem só naquele pedacinho (derrubar uma palmeira dessas, por lei, dá cadeia: é crime inafiançável).De repente, meu amigo Afonsinho, munido de capa de chuva e facão colocou o palmito na janela. Nós o descascamos para por no forno, só com manteiga, mas a faca não dava conta de fazer o corte: de tão tenro, não resistia à dureza da lâmina. Era um creme. Eu e a Bia não acreditamos. Comemos um tanto dele cru, sem entender direito o sabor e a textura, pois aquela não era a referência de palmito que nenhuma das duas tinha anteriormente.. Depois cortamos de outro jeito e colocamos no forno com cuidado para não derreter...o que é da terra e está ao alcance da mão tem uma qualidade incomparável. Abre os nossos sentidos não só para o alimento mas para a beleza da vida. Quem dera a gente pudesse, ao menos, ter essa consciência desperta. O planeta, com certeza, estaria mais preservado, e as relações seriam mais justas e íntegras. Comemos palmito com muita satisfação! polenta mole

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Zattar com tahine: tão longe, tão perto


O melhor é ir quando se vai e voltar quando chega a hora. Minha filhota rodou pelo mundo e quando a saudades parecia louca, regressou. Além das alegrias da volta, trouxe um pouco de onde andou. Tinha mel de tâmaras, que a minha memória dizia ser incrível, e é mesmo; noz pecan do quintal da casa da Quel, em Jerusalém; castanha de semente de damasco salgada (incrível); chá da Capadoccia, que a minha querida Maíza diz ser bom prá tudo. E não sei bem prá quê, mas o sabor da baunilha é ótimo, e isso em si já é bom prá muitas coisas...figos, damascos escuros, tâmaras turcas, café palestino moído na hora com cardamomo, pinoles russos. O mais incrível foram os tahines e a zattar. Para mim, até então, tahine era a pasta de gergelim e ponto. Na minha ignorância não conhecia tahine de gergelim integral, tahine de amêndoa e outros tantos. Ela disse que os russos têm tahine de semente de damasco, que é maravilhoso, e produtos muitos diferentes de qualquer coisa que se pode imaginar. Aliás, contou que os próprios russos são muito diferentes de qualquer coisa que se possa imaginar: que são como seus produtos, uma boa surpresa! A zattar, trouxe da Palestina, lugar onde conta que comeu a melhor coalhada seca da vida! Que eles têm muitos tipos de hallawi, o doce que aqui conhecemos como sendo do gergelim, mas que lá pode ser de outras sementes. Contou que tem um, muito escuro, com pistache e de textura e sabor incríveis. Que os sucos nas ruas são muito bons, que a zattar tem em profusão e variedade com aromas que chegam a quarteirões de distância..que as pessoas são doces e ficam muito, mas muito felizes se você as visita. E que a comida é intraduzível. Que o tal do muro que divide a Palestina de Israel é a coisa mais triste...e que a Palestina é um lugar que pode ser completamente esquecido pelo mundo...mas que lá acontecem coisas lindas, festivais internacionais de comida e dança. Ficou na casa da amiga em Israel, que foi quem apresentou o amigo palestino que a recebeu, na Palestina. O mundo tem jeito. E, aqui em casa, pensei sozinha como é que dois povos tão complementares podem se estranhar tanto?! Assei uma berinjela no forno, inteirinha embrulhada no alumínio. Preparei a pasta de tahine e a zattar com azeite. Quando estava molinha tirei do forno e cortei ao meio. Grelhei com sal e azeite na frigideira antiaderente. Coloquei Sour Cream Balkis, tahine e zattar: tahine israelense com zattar palestina. Sem nenhuma grande invenção. De maneira simples, o melhor de dois povos, que, um dia, ainda se reconhecerão como grandes parceiros. Porque o mundo dá muitas voltas...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Virada Cultural


E de novo chegou: Virada Cultural neste final de semana, em São Paulo. Centenas de atrações culturais gratuitamente para a população da maior cidade do Brasil, no que será a décima edição da Virada. O leque de opções é vasto: tem de canto gregoriano, no Mosteiro de São Bento, a funk em vários lugares, passando por artistas de circo, saraus com poesia, peças de teatro e um palco somente para apresentação de dança no Anhangabaú. Tem para todos. O evento se espalha do coração da cidade, na Praça da Sé, passando pelos CEUs e pelos Sescs nos extremos dela. A "Viradinha" inclui crianças e bebês com a versão infantil, na Praça Roosevelt, onde irão acontecer rodas de dança para os bebês e mamães, além de gastronomia para crianças. É democrático na localização e na programação. Diante do enorme sucesso, há três anos atrás, a Virada incorporou, definitivamente, a arte da cozinha. O Minhocão será o lugar dos "chefs de rua", onde as pessoas poderão experimentar a cozinha de chefs renomados a preços de $5 a $15 reais por alguma coisa bem gostosa. No espaço " O mercado" outros tantos chefs vão servir suas delícias. E os chamados foodtrucks irão estacionar seus caminhões de comida com a mesma finalidade. Neste ano alguns restaurantes vão permanecer 24 horas no ar para que as pessoas possam comer em qualquer horário. A novidade fica por conta da "Viradinha" que estréia comida boa para as crianças, que estão muito precisadas dela: infelizmente, o Brasil entrou para o triste ranking de crianças obesas. É lindo que a maior cidade do país possa dispor de um evento destes. Ficou mais bonito ainda quando a comida começou a fazer parte. E agora ampliou o conceito de cidadania ao considerar as crianças como parte da programação cultural e gastronomica. Um país que não ensina suas crianças a comer perde cultura, ética e moral. Vamos nos agendar e aproveitar. Ocupar a cidade de maneira pacífica, respeitosa e alegre. Com as papilas gustativas acordadas para o novo e bom. Incluindo a criançada. Boa Virada!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Creme de cenoura e conforto

Aconteceu ontem de eu não estar bem e ter de ir ao médico, amigo de anos, que me disse: "não preciso dizer para você cuidar da alimentação, porque sei que você já faz isso. Mas, por alguns dias coma apenas coisas bem "cozidinhas". Não sei se é porque veio dele, que é tão querido, mas "coisas bem cozidinhas" me arremessou para um lugar dentro de mim que devo compartilhar com cem por cento da humanidade: conforto! Apenas a idéia de um alimento bem cozido já me trouxe um bem estar...o alimento passa por tantas mãos antes de chegar prá gente... é na hora do "aperto" que essa rede se explicita como um afago da grande mãe Terra corrigindo o nosso corpo e "dando uma força", sempre! Cheguei em casa e orientei a sopa, que a família fez e desfrutou junto. Quando ela chegou no meu bowl, bem colorida, pensei que lindo seria um queijo bem branquinho para compor a paleta de cores. A turma que podia, desfrutou do queijo também. E fez a foto, porque estava tão bom, que vale compartilhar. Para dividir conforto. Creme de cenoura com sour cream Balkis Ingredientes 8 cenouras médias 1/4 de uma cebola pequena 1 xuxu 1 tomate 1 folha de louro 1 pedaço pequeno de gengibre folhas de salsinhas picadas bem pequenas sal (quanto baste) azeite de oliva virgem (qb) sour cream Balkis Modo de Preparo Refogue os ingredientes no azeite (exceto a salsinha e o sour cream) em uma panela de pressão. Sague e frite por alguns instantes. Coloque água até cobrir e deixe cozinhar por 15 minutos depois que pegar pressão. BAta no liquidificador ou com um mixer para formar o creme. Sirva com a salsinha e o sour cream Balkis por cima.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Simples, bonito e gostoso

Chegou o feriado e junto com ele um clima de inverno: esfriou. Aquela necessidade de recolhimento chega junto com o conforto de uma comida quentinha. Sem muita confusão na cozinha, meu almoço está pronto.  Junto com os cogumelos tem sopa de cenoura e erva doce mais uma saladinha  bem fresca. Que nessa época do ano as verduras parecem começar a falar: adoram as temperaturas  mais amenas e suas cores não deixam dúvidas.
Se tem um  cogumelo fresco (qualquer um), batatas, espinafre e sour cream ( ou creme de leite) Balkis na geladeira, você tem tudo o que precisa.  Mãos a obra e bom descanso.



Ingredientes
2 batatas grandes
1 bandeja de cogumelos shitake frescos
1 maço de espinafre
1 talo de salsão
Azeite de oliva (quanto baste)
Sal (qb)
Noz moscada (qb)
Limão (q b)
Tomilho fresco (q b)
Creme de leite Balkis (q b)
Molho de pimenta tabasco (q b)
Queijo parmesão (q b)

Modo de preparo
Higienize todos os ingredientes. Cozinhe as batatas com casca em bastante água junto com o talo de salsão e o tomilho fresco. Coloque as folhas do espinafre em uma panela tampada sem água e cozinhe até murchar. Faça um macinho, corte-o e recorde as folhas para que fiquem pequenas e passe-as no azeite, sal com uma pitada de noz moscada e umas gotas de limão. Tire os talos dos cogumelos e frite-os com um fio de azeite e algumas gotas de pimenta e sal até que murchem. Retire a casca das batatas quando estiverem cozidas e passe-as pela peneira. Faça o purê com Sour Cream Balkis e azeite em quantidades que o tornem bem macio. Acrescente queijo parmesão ralado a gosto. Monte da seguinte maneira: purê, espinafre e cogumelos. Sirva quente.