Alimentação é um assunto muito extenso. Outro dia, conversando com um amigo que mudou de cozinha recentemente, falávamos disso: ao mudar de restaurante o cozinhar diário dele mudou completamente. É outra abordagem. Comer é aquela parte da vida que passa pela saúde, pela educação, pelos sentidos e pela arte, pelas crenças, pela geografia e pela história. Já pensou uma coisa dessas?
Meu amigo Paulo |
Pois bem, tem gente que já pensou alguns aspectos desse assunto profundamente como José da Câmara Cascudo em seu livro “História da Alimentação no Brasil”, por exemplo. É um livro incrível. Mas a situação mundial se complexificou desde os tempos do livro. Atualmente, conhecemos mais das outras culturas, os ingredientes circulam mais, tudo é mais. O Cascudo tinha uma premissa: “a existência humana decorre do binômio estômago e sexo, mas o estômago é incontestávelmente mais importante”. Considero uma premissa reducionista mas a verdade é que temos uma questão enorme: como alimentar bilhões de pessoas da melhor forma?
Quando fico em São Paulo nos finais de semana vou à feira de orgânicos que acontece dentro do Parque da Água Branca, zona oeste da cidade. A maior expressão da produção de orgânicos é a que vem da Fazenda Demétria localizada em Botucatu, interior do Estado de São Paulo. É um exemplo bem completo de uma visão de mundo que acaba no prato. Toda permeada pela antroposofia a educação, a arte e a agricultura biodinâmica movimentam a vida de centenas de pessoas que receberam a permissão da utilização da terra e implantaram ali um sistema completo de agricultura da qual sobrevivem. O agricultor biodinâmico é um pesquisador que aprende a participar e transmitir sua experiência a outros e faz de sua terra também uma escola para formação profissionalizante. Pessoas vindas de diferentes partes do mundo aportam lá em Botucatu para aprender. E é isso que o Paulo tem feito há dez anos. Conversando com ele ontem ouvi: “A gente já provou que pode viver de agricultura biodinâmica. Agora a nossa preocupação é em preservar a terra para as futuras gerações. O método já está implementado e funcional”. O Paulo e a turma lá de Botucatu estão partindo para mais um ciclo de permissão da utilização da terra para dar continuidade ao seu trabalho. A biodinâmica acolhe o princípio de que a agricultura é o fundamento de toda cultura, ela tem algo a ver com todos.
E nós, consumidores do final de uma longa cadeia, agradecemos e nos preocupamos que iniciativas como essas possam ter cada vez mais espaço garantido porque nem só de estômago e sexo vive a raça humana! Beleza e delícias são fundamentais. E eu juntei duas coisas muito boas e produzi um doce de limão cravo com os limões que comprei do Paulo e o queijo mascarpone que a Balkis fez!
Doce de limão cravo com queijo mascarpone da Balkis |
5 comentários:
Oi Mácia !!
saudades .
É aquele ditado que beleza não se põe a mesa não vale na cozinha
rsrsrs...
abraços,
Luciana.
hum!!!
Esqueci de dizer que esse doce de limão me fez baba.
rsrsrs.
Luciana.
OI Luciana,
A execução desse doce é lenta, mas o resultado vale todos os dias em que vocÊ precisa ficar trocando a água dos limões. Dia 15 a receita entra lá no site da BAlkis. Bjs
Concordo plenamente com você.
Uma comida feita com ingredientes que tem uma história onde se agrediu o menos possível o meio ambiente, que foi vendido a um preço justo pelo agricultor, que se pode aproveitar ele por completo, casca, semente etc, porque não está todo impregnado de toxinas, é ainda MAIS GOSTOSO, saboroso.
Definitivamente, não se come só com o paladar e olfato...
e todo o mundo ganha!
bj
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