Passei todo o final de semana cozinhando para um evento, coisa que me dá enorme satisfação. Cuido do cardápio como se fossem filhos novos: me levanto cedinho para ir à feira de orgânicos garantir tudo o que conseguir por lá e que fizer parte dos preparos. Fica lindo, e dessa vez fui lavando e secando várias folhas diferentes - alfaces, radicchios, rúculas, tomatinhos cerejas, mangas superdoces e acomodando tudo em uma linda bacia de ágata que tenho para depois arrumar a salada. Quando dei por mim, a salada era aquela lá, na bacia mesmo, maravilha de cores. Isso tudo me dá bastante prazer, além de trabalho com o qual, sinceramente não me importo muito. Prefiro o brilho nos olhos dos comensais à economia de meia hora de sono.
Saí de lá com três presentes: um pezinho de pimenta "surpresa" - a Kika, dedo verde que me deu a mudinha. Plantou três tipos e não sabe qual é que vai ser a minha -, e duas pastas de curry tailandês prá eu experimentar. Vim embora pensando no tanto de cuidado e carinho que pode-se envolver no ato de cozinhar e receber a comida. E quando cheguei, vi um email que a Ciça me enviou contando do trabalho do Peter Merzel que saiu fotografando em 14 lugares diferentes e fazendo as contas de quanto cada família dispendia e o que comia em uma semana, que terminou no livro 'Hungry Planet" (Planeta Faminto).
Refiz meu pensamentto. Nem sempre se pode cuidar bem da alimentação: da mesma maneira que é íncrível ver a diversidade de opções é triste saber da falta delas: as vezes por motivos econômicos , outras por questões culturais que fecham a cabeça da pessoa na ignorância da alimentação ruim, e outras ainda por motivos que nem imagino quais sejam...a questão é que ainda tem muito chão pela frente para que um maior número de pessoas no mundo possa desfrutar de prazer alimentício aliado a discriminação na escolha dele. Achei que devia compartilhar com vocês que gostam do assunto (a música é ruim, mas as imagens são boas). Gastronomia e responsabilidade caminham juntas...
Um comentário:
Incrível a diferença entre a alimentação dos mais risco em contraste com os mais pobres. A alimentação dos pobres me parece muito mais saudável, fresca, simples e, provavelmente, com produtos locais, adaptados à sazonalidade do próprio ambiente onde será consumido. A sociedade de consumo está tornando a população mal alimentada em todos os sentidos.
Postar um comentário