quarta-feira, 2 de maio de 2012

Silêncio nas refeições



Meu feriado foi de muito trabalho. Teve dias de 14 horas em pé e dor nas costas. Mas nenhum momento de arrependimento. Só alegria. Fui cozinhar para um grupo de ioga que estava fazendo uma prática de silêncio. Ficaram quietos por 4 dias. E comiam nas refeições o que a turma da cozinha servisse. Sem comentários. 
Foi uma experiência diferente para mim, por dois motivos. Primeiro, por ver as pessoas comendo em silêncio e imaginar se elas estavam adorando, odiando ou indiferentes às nossa invenções. Segundo, por estar, literalmente,  em uma cozinha cercada por temperinhos, ervas aromáticas, flores comestíveis para decoração dos pratos e uma natureza exuberante, fruto do trabalho de permacultura do Pete e da Bel. Não foi a minha primeira vez nessa cozinha, mas fazia tempo que não ia lá. Que beleza o resultado da inteligência no diálogo com a terra para realizar a máxima do "em se plantando tudo dá"! Vou voltar para fotografar a "horta lasanha" do Pete e mostrar para vocês. Trata-se de uma forma de plantio que dispensa a terra e utiliza apenas adubo orgânico e  palha em camadas, como uma lasanha mesmo. Na última camada, se abre um buraquinho para jogar sementes, que, como em um truque de mágica, se transformam em alfaces, salsinhas e couves verdes, saudáveis e lindas. Não tive tempo para a foto, a trabalheira foi demais, mas prometo voltar para uma conversa e imagens da horta.
E, enquanto chovia e o silêncio e o frio reinavam lá fora, no nosso quentinho planeta cozinha nos divertíamos, produzindo uma comida atrás da outra. A  foto foi feita pelo Sérgio, que me socorreu na hora de postar. A receita da humita de milho está no site.
No final, me lembrei de um restaurante que tem em Paris, onde as pessoas entram vendadas  para experimentar no escuro o que lhes for servido. Aqui, era para experimentar caladas. Só falaram no último dia. O retorno foi interessante, pois ficávamos imaginando o que estava se passando. Gostaram da experiência de comer em silêncio, dos sabores e das arrumações das nossas produções, comeram mais do que de costume, e ficaram felizes com a nossa matraquice e alegria. 

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