Voltei da praia com uma jaca no porta malas. Confesso que nunca fui muito chegada em jaca e que só o cheiro dela me colocava a quilômetros de distância. A primeira jaca ninguém esquece e, a minha, foi apenas há dois anos atrás em um ônibus de linha, desses que as pessoas entram vendendo coisas em sacolas plásticas e pedaços de papel, de Chidambaram para Pondicherry, no sul da Índia. De repente me apareceu minha filha Marcela vindo lá de trás do ônibus com o famoso "abre a boca e fecha os olhos". Nem pestanejei e obedeci: era bem firme na textura, levemente adocicada e aromática. Bom. Mas, não sabia o que era. E era jaca! Dura. Gostei. Depois experimentei o tal pastel do palmito da jaca lá na Chapada Diamantina, de tirar o fôlego. Que é feito da jaca verde e, segundo o que entendi, do palmito, ou seja do centro dela apresentados fritos ou assados.
Fui prá minha primeira aventura e produzi uma moqueca com a fruta e uma farofa com o caroço, que prá mim, foi o melhor. Como estou chegando agora no assunto descobri na faca que a minha jaca não era dura nem verde, estava prá lá de macia e os caroços soltaram todos no cozimento. Descaquei-os e cortei como se corta uma castanha do pará. Fritei no azeite e coloquei na farofa com ora-pró-nobis. Ficou uma delícia.
E a moqueca? Bem a moqueca ainda precisa de acertos. Não tinha nada na geladeira depois de dez dias fora. Faltou coentro, com certeza, e a pimenta faltou também em quantidades muito maiores. Estreei minhas próprias folhas de curry, mas faltou. Ficou boa, mas doce demais para o meu paladar. Ainda vou corrigir. Como disse o meu marido, passou com 7, mas a nota de corte aqui em casa é alta.
Aí, sentei no computador e fui espiar o que o goolge tinha a dizer. Claro que no Come-se, blog da Neide Rigo, além de muitas receitas, encontrei a resposta para o grude da jaca: ela é lipossolúvel, então, unte com óleo a faca, além da própria mão e não deixe o grude dela atrapalhar suas experiências. Coloque o preconceito de lado, brinque de "abre a boca e feche os olhos" e descubra que pode até gostar dessa fruta asiática que parece muito como se fosse originariamente brasileira...mas não é!
Eu só estou no começo das minhas descobertas com ela. E você, se anima?
5 comentários:
Uau.....já estou me vendo, tocando a campainha, você abrindo a porta, e me dizendo....."Tã, você precisa experimentar isso". Minha boca abre-se espontaneamente e meus olhos fecham sentido os sabores.
É assim que eu sou, sempre, recebida na casa dessa cozinheira.
Essa brincadeira de "abra a boca e feche os olhos...." é a minha preferida quando se trata da cozinha da Márcia.
Eu também fiz jaca esse final de semana, + a minha foi uma jaca caramelizada e foi servida com a costelinha.....
beijos e guarde a minha marmita....
Hehehe...não sabia que você gostava disso! Guardo a sua marmita,sim, mas vocÊ trás a minha, agora que sou amiga da jaca (estou me achando!!). Quero experimentar sua caramelização que deve ser prá lá de boa Já imaginei: sem nada, só no açúcar dela mesmo (conheço sua cabeça incrível!). Beijo e vem me ver!
Como agora temos uma Jaqueira no quintal, você tem um fornecedor para suas novas experiências, aliás tem uma disponível, quer?
agora sabemos que a nossa é Jaca Mole, olha o que achei no google: fonte: Guia Rural Abril de 1986:"Existem diversas variedades, mas no Brasil são três as mais cultivadas: jaca-dura, que produz frutos maiores, de 15 a 30 Kg (podem chegar a 50 Kg); a jaca-mole, menor e mais doce, com menos látex; e a manteiga, também mole, amuito apreciada pelo seu gosto mais adocicado.A baga da manteiga tem uma consistência intermediária entre as duas anteriores. Ela é muito comum no Rio de Janeiro. Na Índia, apesar da existência de dezenas de variedades, só duas são cultivadas: a wareka, de casca firme; e a vela, de casca mole e e polpa menos doce que a primeira. Como subvariedade, a kuru-wareka, de frutos arredondados e pequenos; a peniwareka, a jaca-de-mel, com polpa adocicada; a johore, de folhas pilosas, frutos pequenos e oblongos, perfumados e muito apreciados".
Compota de jaca com lasca de canela e cravinho, é uma sobremesa deliciosa,...come-se, também, com os olhos, pois fica linda!
Bia, acho que a do seu quintal é a manteiga. agora, eu queria experimentar cozinhar com a dura!
Mas podemos experimentar fazer a compota de jaca com cravinho e canela. achop que casca de limão crabvo nela deve ficar bom também.
Postar um comentário