Minha infância foi boa. Tive a oportunidade de correr atrás
do carrinho do algodão doce e escolher entre todas as cores de nuvens, minha predileta: era a branca mesmo.
A sensação de comer algo que não existia, de fato, sempre me
instigou. Era açúcar, sem dúvida, mas desaparecia no contato com a saliva como
em um passe de mágica. Os dedos grudavam nos fios de cabelo que por ventura
ventassem em direção à boca na tentativa de desfrutar, também, daquele momento incrível. Minha infância foi lotada desses pequenos
prazeres onde todo o universo se concentra em um único ato: comer algodão doce,
por exemplo.
Quando, estudando na escola descobri tudo do que o é possível realizar a partir de
açúcar e temperatura, o encantamento foi racional, mas estava ali. Lembrei que o
Ferran Adriá envolvia um peixe em flores e algodão doce e tive a certeza de que
ele também teve uma infância boa.
E, por puro acaso, outro dia comi queijo coalho com algodão
doce feito a partir de açúcar e aceto balsâmico (que, também tem muito açúcar
mascavo!). E, de novo, um espanto infantil se instalou no meu paladar. Era
ótimo! Não poderia supor que em volta da nuvem caramelo tinha um pedacinho de
queijo coalho. Felizmente vivemos na época da internet e aí está o vídeo que
explica o processo de fabricação caseira de algodão doce. A sujeira é
garantida, mas a diversão também. Vou
esperar minha pequena Marina crescer mais um pouquinho e, sem dúvida, a
brincadeira vai acontecer entre duas colheres de pau, um livro e um garfo, ou um fouet
velho. Se você experimentar primeiro, me conta. E não esquece de forrar o chão
e a bancada também. O grude é grande.
3 comentários:
Amei conhecer a Marcia criança, que gostava mais do algodão doce branco (eu também!).
Eu também achava mágico comer algodão doce, a magia começa mesmo antes do desbunde, só pelo jeito como é vendido, naquele pau alto, como se algodão doce não pertencesse a esse mundo. Era um bom menino, o algodão doce, nunca arranhava a garganta feito doce de leite doce. A gente metia a mão no algodão e botava logo um pedação na boca, mas não importava, pedacinho ou pedação, encolhia na boca e derretia imediatamente. Eu adorava amassar bem amassadinho um pedaço com a mão antes de comer, como se fazendo bala, você também?
Vou tomar coragem e tentar fazer um dia (e a engenhoca da mulher do vídeo, as colheres de pau no livro? maravilhoso)
Beijo beijo
VAmos juntas, Naninha, e aí a gente junta a alegria e as forças prá limar a bagunça! bj
Eu ainda acho mágico o algodão doce e foi por isso, que quando me mudei para Tiradentes, realizei um desejo antigo, comprei uma máquina para fazer o algodão doce e servir junto com o café no final do menu degustação.
Ainda não tinha usado e no começo de janeiro, recebi irmão, cunhada e sobrinhas e te garanto que a máquina também faz bastante bagunça...rssss. Depois de uma hora com açúcar espalhado pelo teto, chão, cabelos......conseguimos fazer um algodão doce lindo, de açúcar com canela e depois açúcar com cardamomo. Ver o sorriso no rosto do meu irmão, de quase 45 anos, me fez voltar a quando tínhamos 8 e saíamos correndo atrás do carrinho, após ouvir o seu canto nas ruas da Vila Romana.
Nana e Márcia, venham brincar de fazer algodão doce aqui.....vou adorar fazer essa bagunça com vocês.
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